Blog do dia

Filhos do Sol em outras realidades

1 de dez. de 2021

Jogando com os deuses

 Brasil, 2026, a tecnologia está finalmente avançando, acompanhando com muito mais eficiência o terceiro mundo do que ele está avançando na vida real, motivos não vêm ao caso, mas ainda assim, a sociedade nas menores cidades do país estão deploráveis, o SUS caiu, ninguém se sustenta com impostos e as pessoas se beneficiam por si mesmas, mas por outro lado, nenhuma empresa está ajudando as pessoas de forma alguma, e então os cidadãos acabam tendo de escolher entre trabalhar até a morte ou cometer crimes de larga escala se quiserem render.
 E então, em uma cidade pequena, nem um pouco reconhecida, no interior de Pernambuco, um homem de 23 anos, chamado Victório Rogério Silva, está precisando trabalhar várias horas extras no setor das moagens de cana e produção de açúcar para poder pagar os aluguéis que ele ainda está devendo, senão, ele vai perder sua casa, a sua filha de 5 meses vai morrer doente, seus dentes, que já estão amarelos e cheios de tártaro, vão cair, e ele vai ter que comer grama para sobreviver.
 Parecia não haver esperanças, mas às 22:22 de Quarta-Feira, ele acaba encontrando algo que parecia ser uma pessoa, apenas muito vestida, muito coberta, algo muito estranho para uma região equatorial, de um país tropical, em plena Primavera, e aquela coisa começa a chamar Victório, que, movido por seu desespero, apenas o segue, mesmo podendo arriscar tudo o que tinha, mas aquele ser parecia inofensivo com suas palavras e ações, e ele lhe entrega uma proposta irrecusável, irrefutável, de que, se ele trabalhar por essa entidade por um mês, ele será pago com um mínimo de R$ 990.000, desde que ele siga as regras à risca.
 Victório aceita sem pensar e é levado pelo ser misterioso em uma limusine preta e com muita coisa lá dentro, principalmente comes e bebes. Mas ao invés de comer salgadinhos, brigadeiros e beber muita pinga, Victório evitava ao máximo consumir aquelas coisas, ele não sabia onde estava se metendo e seus dentes estão muito frágeis, qualquer coisa minimamente quente, fria ou com alguma coisa ácida, pode dar a sensação de que está quebrando seus dentes a qualquer mordida, e vendo isso, o ser misterioso pede para levar-lhe numa clínica. Eles pagam o plano de saúde do homem e então eles começam a operação em seus dentes. 2 dentes arrancados, 12 deles, onde estava o tártaro, estão purificados, e os restantes foram apenas muito bem limpados pela dentista envolvida.
 Indo dessa vez a onde a limusine teve inicialmente que ir, Victório é levado ao que parece ser um imenso prédio com vários setores e departamentos, e então, ele conhece as pessoas, que são identificadas por números, sendo as únicas que ele conseguiu memorizar a 33, o 122 e o 47, e no dia seguinte, eles são expostos a um jogo, que parecia uma queimada comum, mas a bola era recheada de pregos, e quem levasse a bolada acabará sendo furado seriamente.
 Mesmo tendo um ou outro que conseguia segurar a bola, pegando o mínimo de feridas possível, muitos, além de serem queimados da arena, também saíam todos machucados, e Victório, o número 89, só fugia da bola, preferindo sequer tocar naquele projétil mortal, e então, com a ajuda de 122 e 47, a equipe dele ganha, com só 12 pessoas feridas para ambas as equipes. E então, após todos serem tratados, para continuarem jogando, eles dormem, mas digamos que foi uma noite terrível, porque havia muitos barulhos por lá e os jogadores, devido ao trauma que pegaram no jogo, tiveram muitos pesadelos.
 No dia seguinte, os participantes sobreviventes, que equivalem a 243 restantes, são colocados em um conjunto de terapias, como se fosse uma purificação, limpando danos biológicos que eles sofreram ou acalmando durante algumas horas, mas no início da tarde, eles são apresentados a um jogo que funciona da seguinte forma:
 Há uma enorme pista em um cenário semelhante àqueles ginásios e clubes gigantescos, com 3 rampas feitas para subir em frente, 2 pontes frágeis e quebradiças entre as plataformas, 10 áreas com cordas muito ásperas para se segurar, para subir entre os lugares, e perto dessas áreas, há um chão super aquecido, metálico, que quem pisar terá seus pés ardidos mortalmente, embaixo de cada espaço entre as plataformas feitos para saltar ou atravessar algo.
 Victório, com muito medo, acaba cagando nas calças, merda passando por sua cueca e dentro das suas calças de jogador, ninguém sente o fedor, só Victório, mas os soldados reconhecem a posição e as expressões do homem, e o puxam e empurram à força, o tirando do jogo, mas para evitar problemas, eles só dão um banho a ele e calças e cueca novas, mas o proíbem de participar do jogo, enquanto a menor metade dos jogadores é eliminada, incluindo a jogadora número 33, que é queimada e derretida no chão ardente após partir seu pescoço na ponte quebradiça de madeira. Victório via toda aquela cena, sem poder fazer nada, até que ele leva muita porrada dos soldados que monitoram os jogos, até desmaiar por 5 horas.
 Em uma sala de hospital, com várias faixas em seu corpo, e com um ursinho de pelúcia no seu braço esquerdo paralisado, Victório percebe que estava nem um pouco bem, e tinha medo daquilo ser um desafio, e em um lapso mental que ele nunca teve antes, ele confere cada detalhe próximo dele, se ele estava sendo envenenado, se ele estava com sangramento sério, ou se a sala ia desabar, algo assim. Ele tenta se mover, mas não adianta. Seus braços estão imobilizados (um com anestésicos, de outro amarrado em cabos de soro), sua coluna estava quebrada, e sua cabeça estava segurada pelas faixas e o gesso no pescoço.
 Enquanto isso, os outros jogadores estão sendo irritados, atormentados e observados por longas horas, enquanto o líder desses seres invisíveis ria e assistia esse pessoal, que nesse caso sobraram 112 unidades, porém, que 13 dessas pessoas são selecionadas para a sala vermelha, enquanto pessoas vindas de muito longe, camufladas em roupas negras e máscaras de caveira, assistiam ou até pagavam para adicionar detalhes ao show de bizarrices que iriam ocorrer, que ia desde quebras de ossos, jorradas de líquidos ferventes, colocar a pessoa para comer coisas estranhas, até ideias bem mais específicas, como cortar a língua do escolhido número 1, fritar ela e fazer o escolhido número 4 comer, achando que era língua de boi, ou colocar o escolhido número 6 para beijar várias cobras venenosas, até que algumas delas o picassem.
 Victório, ainda na sala do hospital, observa que ele não estava sozinho, e sim tinha mais gente hospitalizada, mas mesmo Victório até gritando para eles sobre o seu plano, eles não conseguiam escutar porcaria nenhuma, eles estavam sem audição alguma, no máximo ouviam zumbidos ou suas próprias batidas do coração, ele se sentia num verdadeiro hospício, mas então, um homem invisível, vestido de médico, aparecia segurando uma prancheta com vários papéis, anotando algo que Victório não sabia o que era, mas então, aquele tal "médico invisível" conferia um homem que ficava justamente ao lado dele, e anotava algumas coisas sobre essa pessoa, e depois, esse ser vai embora, ignorando todas as prezes do protagonista.
 Depois disso, um grupo desses seres invisíveis aparece com um mendigo, todo desarrumado, de cabelo raspado, feridas no corpo, e roupas sujas, coisa que os invisíveis resolvem, colocando cabelo similar ao de 122, trocando as roupas estragadas dele por uma roupa de jogador com o número de série do 122, e costurando as feridas abertas e tratando as que já estavam cicatrizadas, o preparando para um belo espetáculo. Passam-se dias e mais dias de puro descanso, e Victório, adormecido, até achava que ia morrer no hospital, mas... algo estranho acontece.
 Policiais invadem a base, quebrando várias paredes e atirando em qualquer coisa que suspeitamente se mexia, mas algo que eles não esperavam é que os invisíveis não estivessem ali, pelo contrário, estava lá, o mendigo, disfarçado à força de 122, e enganado por lavagem cerebral de que ele era um dos participantes do jogo que ganhou tudo e está monitorando tudo, e aqueles homens atiram no mendigo e nas telas que estavam atrás, e os policiais iam embora, achando que terminaram aquele reinado de crimes, algo no qual eles estavam muito enganados.
 Mais um dia se passa, reconstruindo o prédio e tirando os jogadores de seus esconderijos, e agora, dois dos escolhidos lá das torturas dos ricos são levados de volta aos jogos, sendo estes o número 4 e o número 13, com sacolas de dinheiro equivalentes a R$ 120.000, e os jogadores, enlouquecidos pela situação e movidas pelo egoísmo, vão em direção dos números 4 e 13, roubando todo aquele dinheiro para si, mesmo sem saber como usá-lo naquela situação de escravidão, e os 4 e 13 só fugiam dali. Enquanto isso, Victório é libertado daquela prisão de fitas e paralisantes junto com vários outros, mas quando ele chega na sala dos jogadores, ele se depara também com uma imensa guilhotina, e ele mal esperava para ver quem iria parar ali, e então, ele vê o jogador 122, que era golpeado por tal ferramenta em questão de segundos, decapitado sem dar-lo-em nenhum tempo de se defender.
 Victório estava enlouquecendo, ele vê se 47 estava bem, mas ele sequer o encontra, e já sabendo da situação, ele acha que ele já foi eliminado, e louco da cabeça, ele avança contra tudo e todos por ali, e ele briga com várias daquelas pessoas, inclusive quebrando os ossos do crânio de um adolescente que estava no meio dos jogadores, e ele leva um murro tão forte do jogador 50 que cai de cabeça com um impacto tão forte quanto o soco, desmaiando na hora. Passam-se mais horas, e dessa vez, vários jogadores são encontrados mortos e em conjunto pela polícia, sobrando só 13 pessoas, que são hospitalizadas após o incidente.

Fim!