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Filhos do Sol em outras realidades

7 de nov. de 2021

O jogo dos mundos - parte 6 - O alto tirano

 Em uma região bem baixa, tanto no sentido de altitude, quanto em sentido de qualidade de território, há uma vila muito grande e forte nas terras do leste, chamada de Parfanti, com as maiores muralhas do mundo, além de uma fortaleza tão grande que, se não fosse uma grande sede de equipamentos e uma enorme prisão, serviria como um abrigo para 30 famílias por um tempo não especificado, além de uma economia muito grande e rígida, com impostos muito grandes para importações, saúde, segurança pessoal, ou simplesmente para terem direito a um filho.
 Enquanto crianças morriam no campo, não só por acidentes nas fazendas, mas também abortadas ou assassinadas por não terem seus impostos pagos, além dos adultos serem quase incapazes de trabalhar, também havia invernos fortes na região que secavam os vegetais da região, os nobres passavam noites e noites se se embebedando e caçando os melhores territórios para dominar e chamarem de seus, e assim ganharem poder com terras.
 Mesmo que os planos dos nobres pareçam úteis, na verdade aquilo seria muito difícil com uma civilização domesticada, submissa, incapaz de sequer ajudar o governo, além de que os políticos da região eram tão gananciosos quanto o líder principal deles, e que manipularam todos os seus cidadãos para que caçassem pessoas de religiões, cores de cabelo ou pele, estilos de roupa ou técnicas de trabalho muito diferentes do padrão fechado e sem alma que o tirano apoiava.
 Inclusive, um dos participantes dos debates políticos, chamado Paratustra, havia sido exilado por demonstrar oposição contra os ideais da aristocracia e do rei de Parfanti, e antes que fosse morto brutalmente, este foi embora, abandonando todos os seus familiares, que foram capturados e perderam todo o seu poder, se tornando escravos sem identidade. Paratustra, triste, pensa em encerrar sua própria vida em uma montanha por onde parou, mas um velho eremita o socorre, impedindo que o mesmo cortasse seu ventre com sua espada bastarda.
 O velho conversa com o jovem político, este diz que havia perdido seu dinheiro, seus direitos, familiares, territórios, e achava que precisava perder sua vida. O velho disse que aquilo era desnecessário, eles podiam resolver o problema dele, mas Paratustra, se sentindo triste e ainda conversando sobre viver em um mundo ruim com aquele velho, se senta em uma pedra, enquanto seu cavalo andava pelo campo e encontra a casa do homem velho.
 Paratustra e o velho entram naquela casa, um lugar de madeira bem simples, com móveis para apoiar objetos, guardar alimentos e temperos ou também para descansar, e então, Paratustra procura algum livro para ler, e não acha nenhum, ele pergunta ao velho por que, e o velho diz que ele nunca escreveu um livro, nem bulas, nem contas de seus registros, afinal, ele nunca aprendeu a ler e escrever, porque para ele essa necessidade não fazia sentido, e Paratustra se sentia ainda mais entediado com aquele lugar, então, o homem velho, preocupado com seu visitante, lhe faz alguns quilos de pães feitos agora mesmo, assim chamando atenção do nobre exilado, que come o pão e... ele se sentia melhor com aquilo, era muito melhor que todos os bolos que ele comeu na nojenta Parfanti juntos.
 Este mesmo velho lhe entrega uma taça inteira de vinho e um copo, e um só gole deste vinho parecia muito mais doce que todas as bebidas que tinha lá em Parfanti. Paratustra se sentia purificado em estar exposto a tantas boas qualidades no meio de um lugar tão simples, então ele agradece ao velho e diz o abençoar com o dom da diplomacia, mas o velho diz que aquele homem não tinha condições de abençoá-lo, pois não era nem um pouco divino, pelo contrário, segundo o homem velho, aquele nobre era a coisa mais mundana e suja que ele já conheceu, e diz que ele que está abençoando Paratustra com uma "segunda vida", e não aquele nobre imundo que estava abençoando um velho eremita de vida tão simples que se afasta do profano por ausentar de mundanismo.
 Paratustra, quebrado com aquelas palavras, decide ir embora com seu cavalo, enquanto cruzava mais horas e horas de cavalgada e procurava por algum reino para se hospedar, porém, ele acaba se esbarrando um um reino grande que estava sendo atacado pelos soldados de Parfanti e tendo seu muro caído, ele foge para um estábulo, não só para guardar seu cavalo, mas se esconder da guerra, algo que ele falha miseravelmente pois encontra treze saqueadores que estavam assassinando os cavalos e um deles estava assediando uma das fazendeiras, e Paratustra, assustado, tenta parar seu cavalo, mas o mesmo não o obedece, e atropela todos os treze homens de uma só vez, um enorme banho de sangue em tão pouco espaço.
 Paratustra, assustado, sai de seu cavalo e saía dali chorando, ele não queria mais ver tanta violência, mas então ele é golpeando por flechas dos invasores, e reconhecido por um dos soldados, ele é humilhado pelo mesmo, tendo seus dedos cortados, dentes quebrados e roupas arrancadas e queimadas, mas é claro que aquilo não iria durar para sempre, e o cavaleiro é derrubado, desarmado e decapitado por três cavaleiros do reino, que socorrem o pobre homem e o levam para um abrigo. Passa-se um dia inteiro, e após Paratustra se recuperar, ele se torna habitante daquele reino.

Continua...