Antes de tudo, vou explicar o foco principal desse post: Ciência de Vitrine.
Se a Ficção Científica é dividida entre hard science ("mais científico" resumidamente) e soft science ("mais fictício", ainda que ambos sejam científicos e é necessário ter seus elementos explicados com uma certa lógica), vocês já devem saber, o problema é um risco que ficções científicas soft sofrem que é o erro sério de fingir se identificar como hard science, vamos falar primeiro da Widowmaker de Overwatch. Essa personagem é popular por ser gostosa e uma personagem boa de usar no jogo, mas o foco é a justificativa do design dela: Ela é roxa por consequência da modificação física que faz o coração dela ser mais lento, deixando ela mais forte e roxa, o problema é que... Sendo sincero, eu vou me sentir tipo o Nerdologia do Velho Testamento (que era um canal de nerd chato e ateu de Reddit que tenta pagar de ser mais inteligente por falar pelas 666ª vez que alguns poderes só seriam possíveis em ficções), mas é algo bem necessário.
- O coração bater menos, e o corpo ficar bem, não fortalece necessariamente ou diretamente, e sim deixa o metabolismo mais lento, fazendo perder menos sangue ou qualquer toxina ter menos tempo de agir que o sistema imune, assim como animais com esse metabolismo vivem mais por serem maiores, com mais matéria e mais resistentes, com as células mais duráveis, ou animais com o corpo menos sobrecarregado (por isso cães menores que vivem mais, mas ao mesmo tempo os elefantes e as baleias são os mamíferos que mais vivem), e um dos custos é que o animal é mais pesado ou com menos energia, e por isso seria impossível a Widowmaker ser tão ágil como é, não só em jogos, mas também em cenas e animações.
- Assim como o que deixa partes do corpo roxas não é o sangue circulando menos, mas a falta de oxigenação, por isso que feridas que ficam roxas são onde tem calos ou hematomas, e não quando algo do corpo foi furado ou cortado, e é só em partes específicas do corpo, como as extremidades, e não no corpo inteiro.
- O nome não faz sentido, já que não há só "dois tipos de energia", assim como o jogo explica que surgiu como uma opção depois da termoelétrica e da nuclear, então o nome deveria ser Third Source (Terceira Fonte) e não Third Energy (Terceira Energia), tanto que quando eu via vídeos do Gusang (Assoprafitas) sobre esse jogo, eu entendi errado e achei que era Dirty Energy, que... considerando que o jogo foca na falta de ética e manipulação ambiental dessa energia, combinava muito mais.
- Também não são só duas fontes de energia nem na época do jogo, já que desde antes da energia elétrica ser usada domesticamente era comum gerar ela com energia mecânica (basicamente girando as turbinas com a própria força, podendo existir bicicletas cuja lanterna é movida por isso), e se eles pesquisassem mais um pouco saberiam de usinas hidrelétricas (que desde essa época eram comuns e inclusive reaproveitam barragens usadas pra conter água pras cidades) e painéis solares nem eram invenções tão recentes, o que deixa o nome de ser a "terceira" fica muito reducionista, assim como infelizmente nem dá pra culpar muito isso porque só nerds chatos sabiam que usinas termoelétricas usam muitos sistemas de turbinas impulsionadas pela queima do carvão (da mesma forma os motores com seus pistões) e que usinas nucleares não eram de ligar uma tomada numa bomba atômica (falei exagerando e zoando isso, mas é realmente criticando como era basicamente esse o raciocínio dos anos 90).
- No entanto, tem a origem da Terceira Energia, que era pra ser uma opção mais limpa que as duas outras fontes de energia e só precisaria... ionizar a atmosfera diretamente (vou nem me enrolar muito, isso é simplesmente algo que uma bomba atômica, nuclear, termonuclear e de hidrogênio fariam, assim como fazer um tipo de eletrólise da atmosfera, mesmo a um alcance seguro, gastaria mais energia que geraria).
Tirando essa parte que falei, de criarem um ambiente de seleção natural entre teorias vivas, ou eles poderem diretamente controlarem universos sintéticos, que realmente é do tipo "é uma tecnologia tão bizarra que parece mais mágico que o poder de um deus de mitologia, mas tem seus motivos dentro dessa história", realmente boa parte das tecnologias mais avançadas e até mesmo cabulosas ainda assim envolvem teorias reais, como eu falei da GUT, mas tem também coisas como:
- Curva Tipotemporal Fechada: Isso é tão complicado que explico depois abaixo pra ficar menos apertado.
- Monopolos Magnéticos: Partículas de um só polo (podendo ser Norte/positivo ou Sul/negativo), que seriam do tamanho de léptons (classe do elétron, pósitron e múon), nesse universo é usado pra armas tão fortes que distorcem o espaço.
- Gravastar: Imagina um buraco negro, mas em vez de ser a singularidade, o núcleo seria um vácuo extremamente denso, onde só teria matéria estranha (quando, em vez de ser um bárion puro, de prótons (quarks up, up, down) e nêutrons (up, down, down), seria um bárion de quarks up, down, strange) e energia escura (um tipo de energia detectada no vácuo puro do espaço junto com a matéria escura, e que teria influência na expansão do universo). Na Sequência Xeelee eles criam escudos usando esse tipo de vácuo de estrela negra.
- Relatividade e Mecânica Quântica: Explicar um resumo de ambos porque tem uma física temporal na Sequência Xeelee que usa ambos. A Teoria da Relatividade buscou explicar como funcionam a velocidade da luz e como o espaço-tempo reage de forma diferente sob velocidades e gravidades diferentes (assim como o tempo é instantâneo pra velocidade da luz que é absoluta, e o tempo simplesmente não funciona na singularidade do buraco negro pois é tanta que desacelera e absorve a luz)(também tem a ver com a curva tipotemporal, pois objetos mais rápidos ou sob maior gravidade têm o tempo mais acelerado), e a física quântica envolve, entre suas principais pesquisas, partículas subatômicas e probabilidade (assim como a realidade só é definida quando ela é medida, e só de você estar presenciando ou observando você consegue medir pelo menos a parte superficial). Nas viagens no tempo, elas sempre dividem o universo em uma linha do tempo separada (tipo Dragon Ball), independente do universo remetente, mas em vez de usar o clichê de teoria de vários mundos ela é fruto da relatividade e sobreposição.
No universo da Sequência Xeelee, a viagem no tempo é necessária pra viagens espaciais, especificamente pra elas serem instantâneas, e inclusive isso pra mim é até mais simples e direto que o clichê de Hiperespaço, que é de usar uma dimensão com leis da física mais maleáveis, sendo que algo que gente que repete a mesma coisa que "ah, a luz leva milhões de anos pra ir de uma estrela a outra...", sendo que velocidades mesmo abaixo, mas próximas da luz, podem alcançar esses espaços em no máximo meses, enquanto o tempo pra luz (que não tem massa e a velocidade é absoluta, não tendo um "rastro" temporal) é instantâneo, a luz não demora anos pra alcançar, é que a distância das estrelas e planetas, usam como referência o c (velocidade da luz), inclusive hoje em dia a unidade de kg tem sua fórmula matemática (Constante de Planck, também usando velocidade da luz como base, que resumindo, é o reverso do E = mc² do Einstein) e atualmente tem seu próprio referencial (antes usavam baldes d'água pra terem referencial do kg, pois surgiu durante a Revolução Francesa, que aboliu o sistema imperial no país, que antes usava libras, onças, pés, polegadas, etc., que sempre usavam como referencial partes do rei, hoje em dia tem o Projeto Avogadro, a esfera de silício perfeita de 1 kg).
Como eu disse, seria overkill falar de como Dino Crisis trata menos a ficção científica que o Stephen Baxter, afinal, um é uma franquia de jogos pra surfar no Resident Evil e no Jurassic Park, outro é uma sequência de livros ficcionais de um Dr. em engenharia, assim como a ciência de vitrine é digamos que uma armadilha exatamente pra quem tem suspensão de descrença de mais e conhecimento científico de menos, seja físico, químico, biológico, aritmético ou logístico, como eu falei da Widowmaker, mas tem algo que vocês não poderão discordar, que é o quão idiota era o plano do Professor Hojo de repovoar os Ancients (raça da Aerith) e a raça do Red XIII. Nessa subtrama o plano do Professor Hojo parece simples e genial na cabeça de um cientista louco de desenho antigo: juntar uma HUMANA com um BICHO (e como os protagonistas repudiam, não iriam doar sangue dos dois e montar um homúnculo ou quimera, o Hojo realmente iria colocá-los num momento furry pra criar uma raça de furries que iria repovoar os dois), e o bizarro é que o jogo trata essa ideia como "genial, mas com custos", "frio e calculista", e os protagonistas só como "cala a boca, você é o vilão! >:(" (um clichê que eu odeio muito, que é o vilão ser super eloquente com um plano estúpido, e o protagonista só puto com a ideia porque só pensa na parte emocional mesmo que o vilão também esteja completamente errado ou seja até mesmo o burro da conversa, e que esse cichê só acontece porque se o autor só criar vilões burros com ideias burras não fica interessante demais, vira moralismo, a mesma coisa o Thanos da Marvel ou o Anti-Spiral de Gurren-Laggan, mas não vou focar nele nesse blog), e nesse caso também combina com o que falo sobre Ciência de Vitrine junto com algo que envelheceu mal, porque essa subtrama tenta ser "científica mas cruel", mas quando a gente amadurece, inclusive os autores, só é nojento e cruel, e por isso não tem isso no remake.
Até mais!












