Deuses e como criar um panteão
De forma parecida com o jeito que eu falei sobre o Necronomicon, mas agora sobre deuses de mitologias comuns e fora de algo do terror, os deuses são sempre representações de algo superior, geralmente em alguma aparência familiar (alguns se parecem humanos, outros com animais ou híbridos, e os de mitologias mais modernas podem ser mais abstratos e terem seu design baseado no simbolismo deles), poder baseado em um domínio (que podem envolver a natureza, como Céu, Submundo/Morte, Colheita, Oceano, Amor/Fertilidade, etc., ou a civilização, como Fogo, Comércio, Mensagens, Justiça, Guerra, etc.) que deve ser importante tanto para o mundo em que a mitologia se passa quanto pra civilização que o habita, o que é óbvio.
Esses deuses devem ser retratados no panteão com um certo respeito, principalmente dos mortais, e o seu poder deve ter uma influência necessária pro universo, seja direta (principalmente os deuses maiores e mais importantes, com domínios mais necessários e mais cultos sobre eles) ou indireta (seja pra deuses menores, ou variações de algum deus, como avatares, ou algum tipo de deus proibido que não pode ser cultuado por motivos como o perigo do deus, ou por ser um deus falso ou maligno, ou por alguma lei na sociedade desse mundo). Há uma infinidade de formas, porque o que basta é representar eles como algo realmente divino (por esse traço superior ou transcendente, ao ponto de sua influência ser mais interpretada do que vista em totalidade).Com isso, o Panteão (do grego, significando Todos os Deuses) é tanto uma união e organização dos deuses catalogados quanto a explicação deles e também dos semideuses (que têm poder divino em escala menor e força sobrenatural num corpo humano, sendo filho de um deus com uma humana ou alguma raça intermediária de deuses e humanos), que embora façam parte dos mitos e lendas mais mundanos, esses também podem participar tanto tendo intervenção como os deuses, ou existindo como personagens de destaque.
Símbolos na divindade ou na cultura
Não adianta a mitologia da história ter seus deuses e a adoração deles, se não há símbolos que representem sua presença, seja em amuletos protetores (como o Olho de Hórus, que é tanto um amuleto que protege de azar e inveja quanto uma referência à luta de Hórus e Seth em que Hórus perdeu um dos olhos), em identificação dos cultos, lendas e filosofias (como o Yin-Yang do Taoísmo e aquela roda de Samsara do Budismo), muitas das vezes tendo a ilustração de algo abstrato (abstrato pode significar tanto algo interpretativo quanto algo que é meramente desenhado) que representa algo maior.Olho de Hórus, talvez muito comum em algumas artes (seja desenhos animados, ilustrações ou vídeos) que tinham alguma representação do misticismo egípcio, era pra ser um símbolo sagrado, seja por ser um olho poderoso de Hórus/Rá, ou por algo como o chamado Nazar (um amuleto em forma de olho azul com a crença de que protege do azar e da inveja).Esse olho pode ser a inspiração do triângulo com olho que era comum em notas de dólar (e que inspiraram rumores de Illuminati que tinham um certo hype nos anos 2000 e 2010 mas só geraram uma onda de preconceito com qualquer símbolo que tivesse olhos ou triângulos), e que falando nesse triângulo, ou pirâmide, uma pirâmide pode também representar arquitetura, pois tanto pirâmides egípcias quanto maias foram os maiores feitos de arquitetura de suas civilizações, seja pelo grande planejamento, grandes quantidades de recursos usados ou até mesmo a ligação com a astronomia (pois são alinhadas com estrelas).Embora o Yin Yang seja conhecido pela religião Taoísta, achei também essa arte com escudos romanos com artes que incluem algo similar ao Yin Yang. Taoísmo é uma religião e mitologia que dita que o bem e mal são subjetivos, e que a dualidade maior está ligada à natureza, como o Yin que é o mundano e a escuridão e o Yang que é o espiritual e a luz, e embora esse tenha sido um resumo base pra explicar o contexto, essa cultura é bem mais rica que isso, como o Wu Xing (5 Formas, ou 5 elementos: fogo, água, terra, madeira e metal, que são elementos importantes pra essa cosmologia), o Chi (conhecido como Qi na China, ou Ki no Japão) que é uma energia mística associada tanto à medicina quanto a poderes místicos, etc.O Budismo, que também compõe a mitologia e tradição chinesas, tem herança de elementos hinduístas como o Samsara (um ciclo de renascimentos, cujos tipos de reencarnações que a pessoa pode assumir tem relação ao Karma que é como o budismo e hinduísmo interpretam sobre como nossas ações têm consequências que se voltam contra nós), apesar que essa rota significa também o caminho óctuplo (algo como um guia budista pra assumir o melhor caminho e atingir a iluminação).Falando no Budismo, bora tirar o elefante austríaco da sala. As suásticas já existiram em civilizações em quase todo o mundo, e pararam de usar principalmente no ocidente por culpa do bigode austríaco (tanto que, em Projeto Dream que eu tô escrevendo, como não teve esse bigode austríaco interferindo na Segunda Guerra Mundial, eu até planejei adicionar referências ao Manji, e fiz de formas muito indiretas porque ainda sei que vai ter gente ignorante falando mal como se o símbolo fosse exclusivo do bigodudo monobola, assim como eu mostro num blog sobre a sociedade La Chapellin e no começo desse outro blog), e óbvio, a suástica maligna não é só girando pro lado esquerdo como o pessoal fala, ela também é inclinada, inclusive pelo que parece há uma certa combinação de símbolos (misturando o Manji japonês, que é retinho, com a suástica nórdica que é inclinada e gira pra esquerda), porém, em ilustrações antigas como os primeiros quadrinhos do Capitão América e da Marvel num geral, a "suástica maligna" nunca era do jeito que era usado na Alemanha.Só de curiosidade, o nome chinês do Manji (suástica budista) é Wanzi, e mesmo a "suástica boa" pode ter variações, como a Omote (girando pra direita) que é o clássico símbolo da paz (e falando nisso, pelo que eu saiba Tokyo Revengers tentou adotar essa simbologia pra tentar "revitalizar" o significado bom, mas obviamente saiu pela culatra, afinal, nem fudendo que um anime sobre um bando de loiro com roupas pretas e vermelhas falando sobre violência tariam usando um treco desse pra paz), e é o formato de um dos tempos do Zelda 1 de NES, enquanto o Ura (girando pra esquerda, mas também retinho) representa força, intelecto e até poder. Mas assim como eu falei, é melhor evitar ficar usando esse símbolo pra todo lado e, quando for representar nesse sentido budista, também deixar bem contextualizado, porque até hoje é algo desconhecido.Agora falando de algo mais fofo: O Claddagh é o nome de um anel especial celta, cujo topo tem como símbolo duas mãos segurando um coração com uma coroa (as mãos representam união, o coração o amor, e a coroa a lealdade e o valor), e temos algo equivalente como os anéis de casamento.
Poderes e Magia
Como já falei um monte de vezes nesse blogspot sobre monstros e criaturas, eu vou (antes de falar de novo sobre eles) falar sobre como organizar um sistema de poderes, magia e misticismo, pois isso pode ter diferentes significados e contextos, e agora irei dividir em tópicos alguns exemplos pra ficar mais organizado e até mais compacto (pra compensar o quão longo ficou o segundo assunto ali acima):
- Alta Magia e Baixa Magia: Explicando algo citado por Eliphas Lévi, a Alta Magia se trata de magias adquiridas de cerimônias de maior esforço mas de maior recompensa, como algum grande culto aos deuses ou espíritos necessários, enquanto a Baixa Magia são as magias praticadas por superstições (aquelas lendas menores, geralmente sobre o que se fazer a pessoa será recompensada ou punida, a maioria sobre sorte) e relíquias comuns (seja algo que dá pra carregar no corpo, como amuletos já citados, ou varinhas Wicca mágicas que conduziriam energia da natureza, ou colocar na casa, como estatueta Hindu de elefante virada de costas pra porta pra trazer sorte, ou o Maneki Neko japonês que traz fortuna).
- Seidr e Chi: São dois sistemas de poderes místicos usados (em respectivo) nas mitologias nórdica e CHInesa, e ambos podem ser usados tanto de forma "maior" (como pra rituais, como a medicina chinesa e a acupuntura, ou pra extrair algum poder divino, assim como no panteão nórdico o poder de alguns deuses como Odin e os Vanir possuem o Seidr, que é ilustrado como uma magia rúnida especial) quanto "menor" (em que atos cotidianos, como uma arte marcial ou alguma habilidade caseira, quanto bem feita pode ter essa energia em maiores quantidades). Numa fantasia mágica é mais do que válido adicionar propriedades mais específicas, como os elementos e melhorias que cada feitiço que use o Qi ou as Runas pode fazer (assim como RPG's tradicionais incluem em magias a interpretação ou a escritura de runas).
- Alquimia e Astrologia: Eu citei antes sobre Astronomia (a ciência sobre as estrelas), e como disclaimer, temos como algo separado a Astrologia (o misticismo em que as estrelas, os planetas, a Lua e o Sol teriam algum poder divino, seja por representar esses deuses ou por terem nelas algo escrito sobre o destino ou a espiritualidade), o que tem elementos combinados com a Alquimia (que embora tenha muitos estudos científicos, seja pela química ou por alguns inventos, alguns simbolismo e filosofias serviam tanto pra explicar o que eles estudavam quanto pra ocultar o que eles não queriam espalhar, tanto que a Crisopeia, que é a transmutação dos metais "ruins" em ouro, surgiu como uma metáfora pra iluminação e pra sabedoria, algo que era gravemente censurado na Igreja, e entre os produtos criados com a justificativa mística temos os boticários, que eram originalmente gente que mexia com perfumes e medicinas pra fazer os cosméticos, algo anterior aos remédios de hoje em dia).
Feras, monstros e reinos
Geralmente, numa história em que os deuses têm um grande foco e interferência, é válido colocar que esses deuses criaram totalmente os seres de seu mundo ou faziam com que os seres se tornem em outros (que numa mitologia tradicional geralmente envolve a corrupção e purificação dos seres em outros, mas considerando o que temos hoje, dá pra misturar com evolucionismo), com isso há também a justificativa pra origem de diferentes tipos de criaturas possíveis pra esse mundo.
Outra opção de criaturas/seres pra adicionar inclui espíritos (qualquer ser que, embora vivo e energético, não possui tanta ou nenhuma materialidade), demônios (não inclui só seres malignos ou que usem seu poder pro mal, mas também seres intermediários entre deuses e mortais, com poder mágico avançado e esperteza, embora possa haver variações boas como os anjos e elfos, ou selvagens como os gênios/djinn/ifrits) e elementais (seres compostos por elementos da natureza em sua forma mais pura), e dependendo da mitologia, os dragões podem ser tanto o topo da hierarquia dos monstros quanto algum tipo de seres semidivinos porém selvagens (seja algo natural, como os dragões chineses, ou caóticos como os dragões europeus).
Mas agora explicando algo menos falado aqui, mais a ver com algo de Projeto Dream por falar de multiverso e dimensões, e também que pode ser uma recomendação pra elevar a cosmologia e misticismo do mundo das mitologias que vocês criarem, algumas mitologias incluem conceitos de mundos que estejam, não só conectados ao mundo humano, mas têm sua função cósmica, como:
- Yggdrasil: Na mitologia nórdica temos o Midgard (que pode ser interpretado como a Terra ou todo o mundo material), Asgard (reino dos Aesir, um grupo de deuses de domínios humanos), Vanaheim (reino dos Vanir, um grupo de deuses de domínios da natureza), Alfheim (da onde vêm os elfos, que na mitologia nórdica são os responsáveis pela luz do universo e também grandes portadores da magia), Muspelheim e Nilfheim (o reino de fogo que traz calor e modela e equilibra o gelo do reino de gelo paralelo, e dependendo da interpretação, esses reinos podem ter seus tipos de gigantes - que na mitologia nórdica são poderosos ao ponto de rivalizar com deuses, e grandes ao ponto de Ymir ter sido remodelado em Midgard após a morte -, não só em Jotunheim), Svartalfheim (sendo Svartalf, ou elfos escuros, um tipo de elfos sem a escuridão de Alfheim, e que incluíam os anões, que dependendo da história de fantasia os anões podem ser uma raça vizinha/rival ou uma variação dos elfos) e Helheim (reino dos mortos).
- Cosmologia chinesa: Digo assim e não "cosmologia hinduísta/budista" ou "taoísta" porque a cosmologia chinesa mistura vários conceitos em um mundo mais completo, além do Reino do Desejo (que tem os 6 reinos das reencarnações, que são os reinos humano, animal, Naraka/Inferno - que no Samsara os mortos desse reino são punidos por tempo suficiente até serem purificados e reencarnarem de novo -, Preta - algo similar a vampiros, por serem espíritos com uma fome eterna -, Asuras - que são tanto demônios quanto semideuses corruptos ou algo similar aos Jotun/gigantes nórdicos - e Devas - deuses comuns, e inspiração da terminologia dos Deva a deuses menores em Projeto Dream), o Tian/Reino do Céu (onde habitam deuses acima hierarquicamente do Reino do Desejo), Mundo das Formas (algo que mistura tanto algo similar ao mundo abstrato das filosofias de Platão e Aristóteles, da onde viria toda a imagem e forma da realidade) e o Mundo Sem Forma (como se aquilo que habita essa camada da existência está transcendendo tudo que existe), além das Marcas da Existência, como Anatta (em que nada é independente, e tudo está ligado as coisas com as outras), Anicca (nada é permanente, tudo muda) e Dharma (a ordem natural da natureza, na mitologia chinesa o Tao/"Caminho" é tanto o nome taoísta do Dharma quanto a aplicação do mesmo pra todos os mundos dessa mitologia).
- Makai e Oblivion: Agora me baseando em duas obras populares, tem algo interessante que dá pra extrair de ambos o Makai e de Dragon Ball e o Oblivion da série The Elder Scrolls, que é o fato de ambos serem reinos que abrigam entidades místicas de diferentes níveis e também ser um reino muito rico em magia. Atualmente em Dragon Ball Daima tá sendo explorado esse reino, incluindo novas explicações da origem dos Namekuseijins, Shinjins (Kaiôs e Kaioshins) e até Saibamen ligados a demônios como a raça do Majin Buu e até mesmo [Spoiler] um deus chamado Rymus, que é a contraparte Kaioshin de Zenô, mas bem, ultimamente estive jogando Skyrim e uma magia que eu amo usar são as de Conjuração, e dos principais que dá pra conjurar temos os Astronach de fogo, gelo e eletricidade, e os Dremoras, e de seres "selvagens" que temos vindos do Oblivion (reino da onde vêm os Daedra conjuráveis), temos também uma lenda sobre a origem dos vampiros (descendentes de uma humana com um Príncipe Daedra).
Esses foram vários conceitos que eu pude juntar pra conectar a ideia de várias raças (seja de monstros, tipos de deuses, ou entidades menores como demônios e elementais) pra poder assim fechar essa parte com chave de ouro, assim como dá pra conectar pontos como o poder das relíquias ligados a deuses, à natureza ou ao poder dos símbolos e superstições, ou a construção de um folclore pra conectar o que é real e o que é mal interpretado num reino mágico, e também essa ideia de um "multiverso" (entre aspas porque meio que o sentido é bem diferente do tradicional) pra origem de deuses, poderes e criaturas.
Até mais!