29 de dez. de 2024

Como eu ensinei alguém a desenhar

Uma vez eu inventei de colocar uns ensinamentos de um dos meus blogs do mês em uma prática mais inusitada: em que em vez de só eu usar aqueles conselhos de melhoria de vida e cotidiano pra mim mesmo, eu também mudar a vida de alguém, em que com isso eu ensinei um webamigo (que no caso chamarei só de Gabriel, por ser o nome real mas a única parte do nome que precisarei mostrar), eu percebi alguns problemas de procrastinação que ele sofreu, que incluíam:
  • Sono desregulado e excesso de faltas nas aulas (o que eu também ensinei ele a resolver, mas não será o foco)
  • Medo da morte e uma aparente culpa pelas faltas e pelas procrastinações (que também não será o foco desse blog, mas eu também ajudei ele a resolver e no blog do link acima tem até uma versão estendida do que eu ensinei pra ele superar)
Mas de qualquer forma, sobre o motivo de ensinar ele a desenhar, teve além do motivo experimental, esses seguintes outros motivos:
Ele não sabia desenhar enquanto eu mostrava vários desenhos pra ele.
Eu tava lembrando de outro webamigo (que dessa vez não vou citar nomes) que ficava se lamentando muito por não saber desenhar, e quando tentei ensinar esse a desenhar acabamos brigando e eu perdi ele, então quis evitar o mesmo erro.
Isso provaria o ponto de que desenhar não é um dom que se nasce pra conseguir fazer, e sim uma prática por disciplina.

Desenhos antes do treinamento: Antes de tudo, vamos ver como ele desenhava antes (Segundo ele, desses desenhos, o mais antigo era de Setembro desse ano, então mesmo com meses de diferença é algo muito recente).
Eu não teria moral pra julgar se não fosse experiente com desenhos e nem fosse um mentor dele, mas bem, explicando com mais precisão os defeitos foram:
  • Ele desenhava sem rascunho (o que é bem ruim pra desenhos grandes como esses, ainda mais digitais) e não acabava os desenhos.
  • Rabisco cabeludo (sabe quando você desenha fazendo várias rabiscadas pequenas e parece que o desenho é peludo? lembra bastante isso, e é algo bem amador).
  • Pelo que parece são todos personagens originais, porém, seja com ou sem os problemas anteriores, tem também o detalhe de que o Gabriel não tinha uma base exata pros seus desenhos, como alguma referência).
  • Também ele nunca tentou desenhar outras coisas (o oposto de como foi na sequência que vocês verão abaixo)
Com base nisso, eu resolvi preparar um desafio pra ele que era de desenhar uma coisa por dia, em 7 dias (ou eram pra ser 7 dias porque eu tive que alongar até ele corrigir falhas de alguns desenhos).

Dia 1 (uma maçã, uma laranja e uma pêra): Não quero enrolar muito porque o foco são só os desenhos.
Esse desenho ficou muito bom (nem considerei essa maçã sem cor encima da maior e pintada, porque pra mim foi mais um meme, apesar que ele citou que tava inseguro de como ele desenhou as maçãs)
A laranja eu achei engraçado (seja por eu gostar de Laranja Irritante e achar irônico logo a laranja levar uma facada).
Por algum motivo a laranja e a pêra tiveram rostos, o que pra mim foi até melhor por ele tar usando não só uma base real (eu mandei ele desenhar tudo à mão pra deixar o celular livre pra pesquisar as referências e tirar as fotos) mas também o que ele pensava.

Dia 2 (peixe): Esse, assim como o dia anterior, foi difícil porque o Gabriel ainda procrastinava muito (demorei um pouco pra descobrir com mais detalhes a motivação dessa procrastinação).
O chapéu e o cachimbo são obviamente baseados no Sherlock Holmes (não sei se foi pelo formato do peixe não encaixar ou por ele não ter sido bom em replicar, mas ele acabou fazendo um chapéu genérico, infelizmente). Mas ele não só tentou mas terminou o desenho desse dia, problema seria se ele não começasse.

Dia 3 (queijo): Esse dia foi mais simples, e pra motivar ele a desenhar, eu desenhei vários queijos.
Eu fiz vários tipos de queijo (como um queijo amarelo, brie, queijo rosa, gorgonzola, e até a muçarela italiana que é bem diferente da muçarela de supermercado).
Mas o queijo de desenho infantil que ele fez foi suficiente.

Dia 4 (corvo de óculos): Diria que nesse dia ele falhou miseravelmente, seja pelo personagem ter sido muito humanoide, ou não parecer um corvo, ou por ele tentar desenhar pena por pena, o que é um erro porque a gente só desenha de fato o detalhe das penas se for na cauda e nas asas.
Como dito antes, ele teve problemas em procrastinar, segundo ele porque:
[Junto dos motivos dele, estarão citados meus contra-argumentos]
  • Ele se sentia precisar "se preparar mentalmente" antes de começar: O que é estranho dizer, mas "se preparar mentalmente" é óbviamente uma desculpa de quem vive despreparado pra tudo, e precisa conscientemente se preparar pra atividades tão fáceis, como desenhar (nem é julgando, considerando como ele se saiu, e como é só um desenho por dia, é fácil até demais).
  • Ele se sentia que os desafios tavam "muito fáceis" e ele supostamente poderia fazer depois: Obviamente deixar as coisas pra depois sendo que ele tem certos problemas de memória e foco significava desistir de fazer essas atividades (ele só não esquecia porque eu ficava lembrando, motivando e ensinando como fazer), além disso de que:
    • Não fazer as coisas independente de ser fácil ou difícil é meramente uma atitude preguiçosa, mas não fazer especificamente por ser fácil é arrogância ou vaidade, por que a pessoa se coloca como "superior" demais pra fazer algo que, sendo fácil, a prioridade pra fazer é maior e é menos estressante.

Dia 5 (segunda tentativa): Fiz ele tentar de novo em vez de seguirmos pro que era pra ser o desafio do quinto dia.

No dia 6 ele não desenhou, e como punição ,ele teve que desenhar os desenhos de dois dias em um (se ele não fizesse naquele dia, no seguinte seriam 4 e assim a diante).

Dia 7 (cápsulas de remédio): Entreguei pra ele uma foto de uns potes de vitamina C que eu tomava pra evitar gripe.
As torres gêmeas.
O que eu mais gostei foi ele ter desenhado até mesmo uma mesinha pros recipientes de remédio/vitaminas.

Dia 7 (traço contínuo): Na ideia inicial era pra ele desenhar um olho, uma pena e uma salsicha, o que eu inventei de falar pro Gabriel tentar em traço contínuo, mas não sei o que dizer porque ele até tentou fazer em traço contínuo (quando desenha algo em uma única linha), e que eu recomendei como exceção o olho que obviamente seria impossível pra um iniciante que nem ele.
Mas obviamente ele entendeu errado, com rabisco cabeludo de novo, ele desenhando conectado em uma linha (sendo que eu não disse isso, era bem óbvio que cada um era pra ter seu traço contínuo), e suspeitamente a pena e a salsicha tinham detalhes que não dá pra fazer com traço contínuo (e lembro que ele gravou o vídeo e ele desenhou a pena fora de tela).

Dia 8 (segunda tentativa): Eu fui ajudar o Gabriel a tentar de novo, e até mostrei pra ele umas ideias de como desenhar essas ideias juntas, separadas, normais ou em traço contínuo.
Porém, o desenho que ele fez no dia foi pior que a tentativa anterior.
A pena parece uma assinatura, o olho parece aquela Primeira Palavra do Projeto Dream, e a salsicha tá bem genérica, mas diria que o ponto positivo foi ele fazer mais a ver com o traço contínuo, e ainda acidentalmente fazer meio que uma arte abstrata.

Dia 8 (polvo com coroa): Sinceramente o meu favorito do desafio todo.
Achei fofo esse polvo nesse traço, e gostei como ele fez basicamente uma pose pra ele e seus tentáculos, ou a espada e capacete (que ele admitiu que foi baseado numas mídias de Rei Arthur que ele viu sobre) e um trono com tapete vermelho.

Não teve nada no dia 9 mas no dia 10 eu só pedi um desenho adicional como um tipo de iniciação e pra ver como ele se saía dessa vez desenhando um personagem humanoide.

Dia 10 (Goku): Ele tava inseguro da qualidade desse desenho (não perguntei na hora se tinha algo sobre anatomia ou outra coisa, mas eu mesmo lembrei ele de como ele desenhava antes e convenci que ele realmente tava melhor que antes).

Com esse desafio que propus pra ensinar ele a desenhar, que conclusão eu tive junto com o Gabriel?
  • Eu pude comprovar o meu ponto de que desenhar não é uma habilidade de nascença e sim algo que se aprende a fazer.
  • Desenhar personagens é difícil e era necessário treinar desenhando outras coisas, seja por serem mais fáceis e acostumar a desenhar melhor ou porque um bom artista não pode desenhar só a mesma coisa.
  • Também pude ajudar o Gabriel a expressar melhor a criatividade e, mesmo com um hobby que eu tava ensinando pra ele, com essa proposta de aprender a desenhar praticando ele melhorou (mesmo que a um nível mínimo) a produtividade e o ensinei melhor sobre prazos.
Porém, eu mesmo avisei que pra ele melhorar a partir daí ele tinha que praticar, seja pra ir em diante sem minha ajuda ou pra não decair esses dias de treino e desenho.

Até mais!