25 de out. de 2025

Quando você discute com o próprio corpo (e uns assuntos nada a ver)

 Última Sexta-Feira eu tive que abonar pra ir consultar uma neurologista, e minha mãe antes disso tava reclamando comigo pra eu perguntar ou lembrar o máximo de coisas possível, e... sabe quando um personagem que era pra ser fofinho é um Inferno quando tá irritado? Minha mãe é sempre assim, ao ponto de que eu tenho que mandar ela parar de gritar (vocês sabem o quão errada tá a situação pro FILHO ter que acalmar a mãe?), e até mesmo falar "mãe, sem guerra psicológica", porque a minha mãe tem essa mania feia de ficar pregando como se, sei lá, eu virasse pó só de andar, porque ela grita comigo porque vou lavar a cara de óculos, quando vou deslizar no chão liso da sala (mesmo eu nitidamente sendo bom nisso, e eu sendo resistente mesmo se eu cair), ou só porque no café da manhã eu tomei o achocolatado mas não esperei ela trazer o pão com maionese (eu às vezes até comento que ela grita comigo por esporte ou por dopamina).
 Mas na prática, a consulta foi MUITO rápida, eu só precisei explicar as minhas condições, os remédios que eu tomo, e pedi as receitas (até ajudei ela a ver se ela carimbou todos os papéis, e conversei com ela sobre como antes a letra de médico era tão zoada que desconfiavam que médicos escreviam tudo errado de propósito), e depois disso, eu e meus pais fomos no Shopping. Curiosamente minha mãe gostou de eu conversar com a médica e ter dado certo, porque mesmo antes da gente saber que eu tinha autismo minha mãe ainda assim me ama e se preocupa se eu continuar dependente dela (ela falou de uma expressão de "mãe que não cortou o cordão umbilical" pra quando a mãe é tão próxima do filho, e bem, uma das coisas boas de morar com os pais não é só ter alguém fazendo boa parte das tarefas de casa, quando eu lembro ou quando minha mãe não tem tempo nenhum eu lavo as louças, e sei pelo menos o básico de cozinhar, mas a renda aqui na casa se completa, e nunca falta dinheiro ou material na casa).
 No Shopping a gente foi só almoçar lanche mesmo, a gente vai ao Shopping de Botucatu pelo menos uma vez por mês e hoje eu pude passear nessa praça enquanto minha mãe comprava um óculos novo (é óculos de grau, uma boa parte da minha família tem miopia ou hipermetropia), e no Shopping eu pude comprar uns brindes dos fast foods, assim como na loja Torra minha mãe comprou uma calça nova (nunca entendi o porquê das pessoas mais novas reclamarem de receber roupa nova, além da gente superestimar de mais os brinquedos que recebemos, mas enfim, tem tanta roupa no meu armário que a gente teve que comprar menos roupas, e umas vezes antes a gente teve que doar umas camisetas velhas, ou o meu pai usar o que não servia mais em mim, porque sou mais alto e mais gordo, então eu sempre acabo usando roupas maiores).
 Eu odeio o McDonald's, nem por ter hambúrgueres pequenos ou batatas fritas murchas, mas porque fazer os pedidos é uma porcaria, eles empurram um monte de coisa pra aplicativo, e ainda assim é um negócio hiper limitado (o negócio pede um login que inclui data de nascimento, e não seria ruim se o negócio fosse direto escrever a data, ao invés de procurar a data manualmente num calendário, assim como é um app muito lento, e teve uma vez que isso piorou quando minha internet tava pior por causa de um monte de ligação que eu tava recebendo na hora), e nem aquele "tablet" que tem pra pedir digitalmente é bom, tem muito menos opções até em comparação a pedir pra atendente física (parece até aqueles episódios de desenhos que têm alguma piada sobre os adultos confiarem de mais em aparelhos duvidosos - embora o que eu mais lembro é no Padrinhos Mágicos e Incrível Mundo de Gumball, com carro com GPS que só fazia o motorista se perder). Já o Burger King foi melhor porque os combos são caros pra caralho e eu preferi só comprar os brinquedos separados.
 Por algum motivo tinha um vídeo que não saía da minha memória, que tinha no título "SCP-3999 'Le Destructeur de Realité'", que tem dois vídeos bem diferentes relacionados: um é uma análise e narração comum do SCP-3999 num canal francês que não conheço, outro é uma animação Gacha (estranhamente muito mais bem-feita que a média de uma animação Gacha visualmente, e com barulho desconsertante) baseada nesse SCP, embora não tendo uma história exata da anomalia e nem do pesquisador, e que é mais ou menos como o SCP funcionaria numa pessoa (vai distorcendo ao redor da vítima, a anomalia levando à morte dos próximos da mesma), no entanto, no vídeo que é uma análise do SCP-3999 original, eu fui ver os comentários, e essa "Creepygirl" me chamou a atenção, seja porque em pleno 2025 ainda usa um Jeff the Killer no perfil (é engraçado como o Jeff the Killer era uma tendência pras adolescentes porque... sei lá, ele simplesmente ter matado todo mundo e ser um bicho pálido de cabelo lambido era bonito porque teve muitas fan arts fofinhas em estilo de anime), ou porque achei bem tosco esse comentário (esse "TrollBG" é porque, antes dessa moda brainrot do Trollge, o Trollface era falado e repetido só porque era engraçado falar que tava trollando os outros... mesmo falando só algo besta? e BG é o oposto de GG, BG é Bad Game e GG é Good Game), mas só de curiosidade fui ver se ela postava alguma coisa... Só achei essa playlist.
 E é uma playlist muito boa! É Nightcore, só que a vocal é francesa, gostei de todas as músicas, mas essa primeira música (Ne M'ecoutre Pas, do GJ Nightcore) é estranha pra mim por causa da foto usada de fundo, é como se fosse de um anime, mas geral desenhava imitando anime e não achei nenhum específico que surgiria essa imagem, e quando fui tirar um print sem nenhuma legenda pra usar aquela mecânica de pesquisa por imagem, achei um artista chamado Art of Tetsuwo, ou Tesuwo (esse "Art of" pode não fazer parte, mas achei mais sites com isso como primeiro nome do artista do que sem), e tenho uma vaga memória de uma página no Facebook que usava isso como capa.
 Já essa música com essa foto de fundo de uma das músicas (à esquerda; Elle S'est Tuée Avec Un Rasoir)... me deu uma nostalgia sinestésica bem estranha, é uma música melancólica (BEM triste e calminha pro que se espera de um Nightcore), e por ter uma garota mágica me lembrou de Magical Ride, um jogo antigo do Facebook e de sites em Flash que era tipo Jetpack Joyride, só que com fantasia mágica, bruxas e Halloween (feliz Halloween aliás, os bostileiros que se doíam que "Halloween é coisa de americano capitalista" enquanto comemoram Carnaval que é base de festas gregas e Bailes de Máscaras do Oeste Europeu, 90% dos nossos feriados, comidas, arquitetura e vestimentas têm base europeia e africana, e nem o Saci que esse pessoal tanto puxa saco é de fato nativo - é uma mistura de Trasgo português com capoeirista de quilombo, tem nada a ver com o Jaci Jaterê dos tupis e guaranis -, tão calando a boca e rezando pra pneu, ou... se dizendo cristãos enquanto defendem um país que tá cometendo crimes de guerra compulsivamente enquanto se dizem um povo de Deus e que eles odeiam cristãos e consideram Jesus um blasfemo - desabafo misturado com crítica social à parte, sigamos), e esse jogo eu me sinto um idiota de não ter aproveitado direito ou até dizer pra amigos que era um jogo """mais ou menos""" (eu era uma criança burra na época, e tinha vergonha de avaliar se o que eu gostava era mesmo bom).
 Falando em ser criança burra, meu autismo existe junto com um foco epiléptico que, ainda que fraco, ainda preciso de remédio pra aliviar, porque dá umas tremedeiras pequenas e sinto até mesmo que eu perco controle do meu corpo por uns instantes, não é convulsão (óbvio), mas ocorre umas coisas que não fazem sentido (eu pego um copo ou garrafa dum jeito errado? tremedeira, eu tento ficar quieto, sentado em alguma cadeira? tremedeira, eu seguro algo e essa coisa bate 0,5 Newton de força em algum canto? tremedeira), e eu às vezes fico tão puto que sinto que eu dando bronca no meu próprio corpo também funcionava, mas às vezes era só eu descontando algum estresse acumulado da semana num surto curto, meu corpo é tão contra eu mesmo que chega a, não importa o quão focado eu tô, a luz bem direcionada e o tempo que eu treinei desenhando, eu cometo um erro crasso no desenho que não dá pra tirar nem apagando com muita força, e olha que eu tenho um costume de, se o desenho ficar ruim, eu nem apago, eu pego outro canto da folha e desenho, porque eu faço desenhos pequenos e meu traço é feito sem rascunho, não faz sentido eu perder tempo com erros pequenos ao mesmo tempo que não posso ser burro e desperdiçar uma folha inteira por um único desenho.
 O engraçado é que esse parágrafo anterior era pra ser o assunto principal, mas foi bem curto e super apertado no blog, porque eu busquei juntar um contexto em vez de só começar reclamando de algo que eu não controlo ou tô perdendo controle por estresse (vida às vezes monótona, trabalho que pesa de uma hora pra outra, discussões inúteis que pego à toa, por aí), e eu já ia fazer um post com esse diário pra tirar isso da minha mente logo e ficar livre, mas a preguiça e a procrastinação tavam falando mais alto, e quando eu lembrei > desse vídeo < (ainda mais a parte do Marcos Mion falando do filho autista) eu lembrei desse dia da minha consulta e precisei começar logo, afinal, senão agora, quando? Nunca? Eu teria que escrever e expressar, mesmo que tivesse algo tão pessoal assim, então.

Até mais!