2 de jun. de 2025

A Relatividade do Terror

Olá, e sem enrolação, tem algo que vi nuns vídeos de Half Life 2, sobre como o Stalker antes era pra ser, como na esquerda, uma figura ameaçadora, sofrendo uma eternidade de torturas dos Combine, mas ainda tentando lutar pra sobreviver, com um grito bem ameaçador também, talvez ele seria pra Half-Life 2 o que o Regenerator foi pro Resident Evil 4 (que aliás foi lançado logo um ano depois de HL2), mas a Valve descartou essa ideia justamente porque essa ideia anterior seria vista mais como "maneira" que assustadora (matar uma criatura extremamente ágil, e provavelmente acabar o sofrimento desse ser como foi com os zumbis de Ravenholm, e talvez evitaram repetir o mesmo tema também), e preferiram um terror mais sutil, mas mais pessoal, como na foto da direita, que o corpo não é "gore", mas tão ferrado quanto, com a mesma origem, e com uma função de um tipo de escravos (como os Servidores de Warhammer 40k).
O que aliás me lembra aquela polêmica de Urbanspook, que claro, vou resumir porque já destrincharam isso:
  1. Os episódios parecem apresentação de slide e o áudio é bem nada a ver;
  2. A série foi inteira feita só pra marketing de desenhos do Urbanspook (o que soa errado, porque logo o personagem que fez o "Fucktoy Cory" acaba soando como o self-insert do autor);
  3. O Urbanspook é homofóbico, capacitista (usando autismo como ofensa), tenta bancar de "mais louco que todos nós" (falando que não tem limites pessoais, enquanto além da existência do... Cory - não vou repetir o outro nome! -, também esse imbecil fica usando como meme, porque é superdescolado usar um equivalente às artes do Shadman só que muito pior, pra ilustrar """gente fresca e woke"""/j);
  4. Tem relato que ele já fez animações tão gore e erradas quanto, mas como não sei a história toda não consigo afirmar;
  5. A fandom dessa série, como o subreddit de Urbanspook, só existe pra puxar saco do autor, o que é extremamente perigoso, porque uma coisa é não ser bom com críticas (e o Urbanspook parece o Chris Chan respondendo trolls, pqp, além disso, contra argumentar ou evitar ataques, e avaliar críticas válidas e construtivas e usar como base do que melhorar é fácil de fazer, ainda mais com o tempo), outra é só receber gente falando bem mesmo das coisas erradas que tá fazendo, o que ironicamente é o que fez a série cair junto com a fandom, ninguém quer mais saber dela e tudo o que tô falando é só um desabafo porque essas avaliações não saíam da minha memória.
  6. Além disso, o autor até tenta assustar, mas ele fazendo a história parece o que tanto criticaram no JC The Hyena quanto fez Sonic.exe, com narração explícita, apelo expositivo demais, tenta falar que é "A Coisa Mais Assustadora" o tempo todo, e o gore que esse autor faz dá mais raiva que gore normal (gore já me faz ter raiva da humanidade, mas esse gore me faz ter raiva da humanidade e de tamanha ruindade narrativa, a polícia da série parece polícia da Noruega de tão inútil), as narrações me dão apatia (seja porque as mortes e plot twists não têm peso, ou porque tudo de "novidade" da história é desinteressante), e os barulhos dão dor (até suspeitei que tivesse algo a ver com o capacitismo do Urbanspook, já que autistas têm uma sensibilidade sonora maior, e os jumpscares são de estourar os ouvidos).
Chega a ser bizarro como a maioria esmagadora dos vídeos que tanto mostram o quão ruim é o Urbanspook e o quão estúpidas são as atitudes dele, são logo em posts do subreddit feito pra apoiar a série e o autor.

O que tanto falaram sobre o Cory pode ser repetitivo demais, mas é justamente o defeito mais gritante, porque foi logo com um personagem de 11 ANOS, e que o autor fica tratando como se assassinato e outras paradas contra crianças são terríveis justamente por serem feitos contra crianças (é óbvio? Sim, mas se esses crimes são tão comuns, ao ponto de ter mídia tratando com desrespeito, é porque tem gente que não faz a mais remota ideia do caso). Bem como o Core disse sobre o Analog Horror do pintor, "Parece o BanBan dos Analog Horror".

Eu já tinha feito antes uns blogs que eu explico sobre como um terror *bom* é feito, e resumindo, temos:
  • Ambientação: O mundo tem que ter no mínimo seus elementos centrais e principais pré-estabelecidos, preparando terreno para onde os personagens estão e também os elementos (não necessariamente monstros, mas a fonte do medo em geral) que estarão carregando o medo do desconhecido.
  • Imersão: A sensação de que a história é real ou pode ser real deixa mais desconfortável, e pode variar, como o medo de algo acontecer com você que tá vendo esse terror, ou como o elemento do medo está agindo nos personagens feitos pra você ter empatia.
  • Mistério: Medo do desconhecido, às vezes uma história sobrenatural em que você não sabe a procedência e explicação (como qualquer história de terror mística ou mitológica, no Brasil tinha Setealém antes da moda de Backrooms, esse medo de parar em uma dimensão alternativa onde estar sozinho deixa de ser um medo, e vira uma esperança), mas sabe que é assustador, ou um assassino cruel que você não sabe uma motivação convincente, e espera que os personagens bons fujam ou então o vilão morra (como os assassinos de filmes Slash que envelheceram mal mas ainda entretêm, ou os assassinos do filme Funny Games, apesar que nesse filme os vilões vencem).
 Lovecraft já disse uma vez que o medo é o sentimento mais ancestral, e o medo mais ancestral é o do desconhecido, assim como, quando algo já descrito como "terrível", ou detalhado de forma que fica terrível, quando há detalhes faltando ou a história não elabora os detalhes que faltam, tudo parece mais assustador.

 Falando no Analog Horror terrível do pintor, outra coisa que também vi falarem tanto que isso não sai da minha mente é aquilo que, englobando de forma genérica, chamo de "comédia feminina", que envolve aqueles tipos de comédia duvidosa comum em comunidades femininas, que envolve o seguinte:
  • Stand ups falando sobre sexo, genitais e vida sexual - Por que esse é ruim? Ele é comum pra reduzir homens e criar um falso empoderamento feminino, o que não seria tão preocupante se não fosse reflexo de um humor machista que fazia da mesma forma porém em sentido oposto (reduzindo mulher e aumentando homem), o que fica ruim porque, pagando da mesma moeda e justificar insistentemente, isso só faz soar que esse humor duvidoso era certo também no polo machista, em suma, sendo uma questão de oprimida virando opressora, inclusive falando mal de homens e moços que têm nada a ver com o machismo que causou isso.
  • Regina George - Como uma personagem se tornou uma literalmente eu feminina? Claramente por muitas mulheres e moças verem na figura de uma patricinha debochada, com uns momentos de valentona, não como um tipo de personagem inconveniente pra ser superada, mesmo só precisando fazer isso moralmente, mas como um tipo de empoderamento ou símbolo de elegância e liderança (o que perde o sentido, considerando que amigos não tem líder no sentido "o líder pisa nos colegas", e sim "o líder apoia e organiza os colegas", e que assim como comparei com o meme de "literalmente eu", o conceito de machos alfa e até fêmeas alfa também funcionam assim: Liderança não é força e brutalidade, e sim coordenação e empatia, o que fãs da Regina George não entendem por ver, como é retratado no grupo dessa personagem e em outros trios de patricinhas, aquelas ao lado da líder nunca têm uma personalidade própria), e já vi um vídeo do Caramelo Animation falando algo interessante, de que uma pessoa com personalidade da Regina George, na vida real, seria o alvo de bullying.
  • NewMFX - Resumindo muito porque essa parte já tá longa... é pornô escatológico, e que muita gente não sabe que é um contexto bem pesado e até mesmo cruel de memes como "Eu sou uma rata, senhora" (que mesmo sendo um meme que chegou a saturar, é engraçadinho sem contexto, mas com o contexto fica esquisito e nojento), e pelo que vi num vídeo do Arttur, as pessoas dessa comunidade chamam as membras desses vídeos de "chocoqueens" (um termo que já diz muito dessa comunidade que romantiza e eufemiza coisas como coprofilia.
 Tudo que já é ruim é porque tem chance de ficar pior, e chega a ser curioso como mesmo conteúdos por tanto tempo tão detestados só são criados ou continuados porque sempre vai sobrar alguém que acha que será uma boa ideia, e a ideia já ruim fica ainda pior, isso vale pra produzir algo, ou pra publicar e assistir a conteúdos danosos (NSFL), ou até mesmo ideologias políticas (que não serão assunto aqui nesse post).

Por eu ter falado de putaria... Que tal concluir falando um pouco sobre a psicanálise de Freud e um pouco de mitologia grega?
Freud é considerado pai da Psicanálise, e muito do conceito de "freudiano" ser associado a psicologia sexual ou até mesmo incesto por ter a ver justamente com a maioria do que Freud pesquisou ter a ver com intimidade e complicações familiares. O Complexo de Édipo, por exemplo, não se trata só de incesto mãe-filho como o conto mitológico, ou sobre o filho querer namorar quem parece com a mãe, mas sim com como o filho, especificamente o filho masculino, tem uma tendência instintiva ou institucional a rivalizar com o próprio pai (algo tipo concorrência por quem receberá afeto da mãe do filho ou esposa do pai), e o amor pela mãe pode incluir amor meramente fraterno, e que essa interação é instintiva, só precisa ser controlada pra não se tornar um fetiche.

Fetiches podem ter diferentes motivos, e Freud desenvolveu o termo traduzindo "feitiço" (do português) pra francês ("fétiche"), e esse termo também é válido pra artefatos de adoração (admito que no conto de Akinaduba eu usei esse termo pra um artefato mágico propositalmente pra uma piada de duplo sentido homossexual - feliz mês do orgulho), e a comparação ao fetiche sexual vem justamente de algo que parece ser indiferente ou até mesmo repulsivo, mas pra pessoas específicas pode ser fonte de atração.

 Atração por pessoas coxudas ou bundudas (como é ilustrado em artes antigas, com esculturas de mulheres até mesmo gordinhas, como Vênus de Willendorf) pode ter a ver com mulheres bem alimentadas, logo, que irão sustentar melhor um filho futuramente, esses detalhes parecem indiferentes ou até mesmo pragmáticos demais, mas pra quem tem atração por interesse romântico ou sexual, é um atrativo amoroso. Peitos grandes podem ser pela lactação, seja pros filhos ou, assim como Freud trata a oralidade e o consumo do leite como a primeira intimidade que a pessoa fará na vida, a pessoa possa ter essa vontade de mamar os peitos de uma mulher.
 Pra interesses nos homens? Músculos são um fetiche comum pela presença de alguém forte ser necessária, e no caso de humanos, a maioria dos que vão ocupar esse cargo vão ser homens inevitavelmente, assim como partes íntimas, grandes podem ter a ver com força e dominação (seja pelos motivos mais óbvios e físicos, mas também biologicamente, a testosterona e a saúde genital masculina podem aumentar o tamanho dessas partes), antigamente gregos consideravam partes grandes coisa de pessoas selvagens ou até de monstros, o que aos poucos foi criticado junto com a libertinagem dos gregos (aqueles papos de "homossexualidade" na Grécia na verdade são frutos desse povo ver relações homoafetivas como prazer sexual, e fruto do machismo e misoginia ao tratarem mulheres como inferiores - desde aquela frase "tão macho que pegam outros machos", a também como os homens na arte grega eram sempre representados pelados justamente pra mostrar mais do corpo masculino, e muitas lendas e mitos condenando ou vilanizando muito mulheres, assim como são muito comuns histórias da deusa Hera sendo retratada de forma bem sádica e desproporcional às amantes do Zeus).
 A atração por femboys eu não diria que dependem dessa misoginia libertina da Grécia Antiga, e nem com eunucos, mas sim porque há certa representação estética e de elegância de formas que hoje em dia são femininas, mas antigamente eram apenas classe, e por esses padrões de moda serem a maioria europeus, é quase inevitável imaginar femboys brancos ou no máximo asiáticos (enquanto no Japão também tem a androginia como símbolo de beleza, embora mais "proposital", intencionada pra isso), enquanto homens negros são associados a masculinidade e força justamente por terem mais culturas africanas em que o homem forte que é o símbolo nobre, antigamente representados como "selvagens", mas hoje em dia algo muito apreciado, em partes um arquétipo de guerreiros e atletas ideais, e eu diria que desde romance a conteúdos adultos de mulheres claras com homens escuros não tem a ver com racismo e objetificação, mas com a superação do racismo, e o amor entre grupos físicos tão diferentes.
 Fetiches por dor, sofrimento e até por fezes que nem falei antes, pode ter a ver com esse desejo em se submeter a alguém em posição maior (Masoquismo vem de Leopold Von Sacher-Masoch, que escrevia livros de um tipo de persona dele sendo humilhado por uma mulher que o lidera e domina), e o fetiche por pés, segundo Freud, pode ser pelo pé ser fálico e uma opção pra uma pessoa com os desejos fálicos reprimidos, mas pensando bem, pode ser pelos fés bem macios e lisos serem algo comum em pessoas já bonitas, com os pés protegidos e cuidados.

 Freud também catalogou um tipo de "fenômeno" chamado Medusenhaup.
Sabe a lenda de Medusa, que dependendo da história era uma entre as górgonas (uma raça de entidades femininas belas) que foram amaldiçoadas por blasfemar Atena, e dependendo da interpretação a Medusa não era imortal porque a Atena se relacionou com Poseidon (e por Poseidon e Atena se odiarem, Atena amaldiçoou mais ainda por vingança), e que em outra versão a Medusa foi abusada por Poseidon, e Atena, não querendo admitir uma interação com o tio que ela odeia e vendo aquilo como traição, a amaldiçoou?
 Perseu degolou Medusa pra usar a cabeça dela como arma contra um rei que tava assediando a mãe dele, e essa estátua de Luciano Garbati inverte isso pra representar a subversão do machismo estrutural e da injustiça a vítimas de abuso.
 Então, Freud comparou a visão petrificante com um choque de realidade, e Perseu decapitando Medusa com um tipo de "castração" que o jovem sentia ao descobrir que mulheres não têm as mesmas genitais que os homens, o que parece idiota, mas numa época em que não existiam "livros pornô", nem revistas, fotos, filmes, vídeos, e a sociedade era tão distanciada dos impulsos sexuais e ensinada a odiá-los, que Freud chamava de "complexo de castração", isso era praticamente um evento canônico masculino, já que na época jovens não tinham tanto acesso a artes sexuais, e isso durou mesmo umas décadas depois.
 Freud também desenvolveu, com base no conceito de Consciente, Inconsciente Pessoal e Inconsciente Coletivo do Carl Jung, o conceito de Ego, ID e Superego, que praticamente as duas teorias psicológicas se completam, como:
  • Consciente: Camada em que controlamos nossos pensamentos e atitudes, a parte racional que era apenas a superfície da mente humana. Freud chama a parte puramente racional de Ego.
  • Subconsciente ou Preconsciente: Camada intermediária entre racional e irraccional, como o Superego, que envolve as morais que a pessoa pode tanto construir culturalmente quanto carregar emocionalmente, ou também conhecimentos que se aprende inconscientemente, mas podem ser usados conscientemente, como a experiência e conhecimento.
  • Inconsciente Pessoal: Pra Freud, é o ID, ou Identidade, que envolve instintos, emoções, memórias e impulsos, são elementos mentais extremamente complexos de controlar, mas ainda assim compreensíveis.
  • Inconsciente Coletivo: Pra Carl Jung, essa camada seria algo também inconsciente, mas que não se limita a pensamentos e instintos pessoais, mas sim carrega arquétipos que todos têm acesso. Pra Jung, as camadas inconscientes, como as ideias pessoais e os arquétipos, são necessários para a Imaginação Ativa, um método criativo de criar ideias diretamente da própria cabeça, sem referência externa.

Escrevi isso aqui por puro tédio e meio que como um desabafo pra reclamar desse tipo de coisa que eu vi, que pra uns pode não ser grande coisa, mas é pra esmagadora maioria e podem até deturbar arquétipos e conceitos normais, que nós podemos criar pessoalmente ou coletivamente, e é necessário termos uma certa ética pra controlarmos o que iremos falar, expressar ou propagar, já que mesmo que palavras não nos machucam, elas podem motivar atitudes que irão nos machucar.

Até mais!